20 dezembro, 2010

Filme 'Bruna Surfistinha' prepara estratégia para quebrar tabus e faturar milhões.


Plantão O GLOBO | Publicada em 19/12/2010
Karla Monteiro e Rodrigo Fonseca
RIO - Conforme o arrasa-batalhão "Tropa de elite 2" prepara sua saída de cena, depois de arrecadar R$ 101.698.805 ao vender 10.982.070 ingressos ao longo de dez semanas, o doce veneno do sexo pode fazer de "Bruna Surfistinha" a aposta do cinema brasileiro para aplacar a fome do mercado exibidor por blockbusters nacionais em 2011. Pelo menos fora das searas de rentabilidade mais asseguradas do país, como a comédia - que tem em "De pernas pro ar", agendado para o dia 31, seu primeiro trunfo - e o filão espírita - cuja promessa é "As mães de Chico Xavier", marcado para 1 de abril -, o título mais quente (e picante) é o longa-metragem protagonizado por Deborah Secco, que estreia em 25 de fevereiro.
Pelo menos, sua distribuidora, a Imagem Filmes, está trabalhando para aquecer a temperatura em torno do filme. Sua previsão inicial é de 400 cópias na praça, podendo chegar a 550, dependendo do que os analistas chamam de "termômetro pré-lançamento", ou seja, o aumento de expectativa na semana que antecede a estreia da produção.
Segundo Abrão Scherer, diretor da Imagem Filmes, "Bruna Surfistinha" chega ao mercado com pose de grande lançamento por dois motivos:
- A história é muito forte. E a Deborah é uma atriz popular - diz. - Hoje o cinema tornou-se o que chamamos de programa-evento, em que você cria toda uma campanha, um investimento de marketing. Trabalhamos filmes como "Bruna Surfistinha", com potencial de grande público, em nível nacional, cobrindo as principais praças. Por isso as pelo menos 400 cópias.
Por "história", Scherer se refere à vida louca de Raquel Pacheco, jovem de classe média, estudante de um colégio tradicional de São Paulo, que saiu de casa aos 17 anos para virar prostituta. Diretor de "Bruna Surfistinha", Marcus Baldini, um publicitário paulistano que nunca havia feito um longa, narra como a garota de programa se tornou um fenômeno na internet ao iniciar um blog badaladíssimo, com "resenhas" sobre os homens com quem ia para a cama e atribuição de notas para os clientes. Com o blog, Raquel - cujo nome de guerra é Bruna - tornou-se uma celebridade de alcova no início dos anos 2000. Sua autobiografia, "O doce veneno do escorpião", lançada em 2005, vendeu 300 mil exemplares.
Hoje uma produção de R$ 5,5 milhões - um orçamento até modesto -, "Bruna Surfistinha" começou a sair do papel como um projeto que não tinha o vulto mercadológico que acabou alcançando. Depois que os testes para a seleção da protagonista mobilizaram a mídia nacional, a visibilidade do filme começou a crescer, disparando após a escolha de Deborah.
- Eu nunca tinha ouvido falar de Bruna Surfistinha, nunca acompanhei o blog. Não sabia de nada. Um dia um amigo me enviou o livro "O doce veneno do escorpião", ainda não publicado, por e-mail. Ele sabia que eu estava em busca de histórias para adaptar para o cinema. Li aquilo e achei muito interessante: uma menina desencaixada, tímida, infeliz, procurando o seu lugar no mundo - comenta Baldini. - A Bruna foi a maneira que a Raquel encontrou para ser aceita, para ter amigos, para se reconhecer como mulher... Eu queria contar essa história desse ponto de vista. Olhando hoje para trás, vejo que essa essência permanece.
O trailer do filme já vem gerando boca a boca favorável ao mostrar cenas provocantes de Deborah Secco. Na tela, a atriz contracena com Fabiula Nascimento, Drica Moraes e Cássio Gabus Mendes.
- Veja o número de acessos que o trailer em HD (high definition) de "Bruna Surfistinha", postado em novembro, teve no YouTube: foram 373.259. Isso mostra que o interesse pelo filme está numa curva ascendente - avalia o distribuidor Marco Aurélio Marcondes, responsável pela estratégia que fez de "Tropa de elite 2" o recordista brasileiro de bilheteria de todos os tempos.
Sem ligação com o projeto "Bruna Surfistinha", Marcondes, que analisa o mercado desde 1970, quando entrou para a extinta distribuidora Embrafilme, fareja êxito para o longa de Baldini:
- Ele tem tudo para funcionar, pois já está gerando polêmica nos comentários na internet.
Já Paulo Sérgio Almeida, do portal Filme B, cujo boletim semanal avalia as bilheterias no país, relativiza:
- Graças a "Tropa de elite 2" (lançado em 736 salas), o circuito exibidor alcançou um outro patamar em relação a filmes brasileiros, que permite um lançamento nacional com 500 cópias. Mas "Tropa..." entrou assim porque tinha uma marca forte. Sucesso editorial, "Bruna Surfistinha" tem despertado curiosidade, mas o mercado ainda não sabe o que afirmar dele. De qualquer forma, um filme que estreia com 500 cópias entra em campo para um tudo ou nada, com a pretensão de fazer, no mínimo, três milhões de espectadores.

Roberto Pereira
Coordenação Geral
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